25 de jun. de 2016

Substituto (Detachment) - o filme

“E eu nunca me senti tão imerso em uma pessoa ao mesmo tempo em que estou tão desapegado de mim mesmo e tão presente no mundo”
(Albert Camus)
 
"Um homem sem rosto, numa sala vazia"
 
A crise do ensino não é vista como um problema isolado da sociedade, mas como um resultado de uma questão muito mais tormentosa: a crise das relações humanas.
Não adianta ser um bom professor, ter talento para criar conexões com seus alunos, se todo o sistema não te favorece para que você consiga fazer nem metade daquilo que você é capaz.
Não adianta de nada, tentar se esconder ao ar livre. Empurrar com a barriga, acreditar que tudo está como deveria estar.
Assistindo esse filme, pude firmar algo que eu já acreditava: estamos todos desacreditados quando se trata de educação.
Os pais, os alunos, os professores, a sociedade... todos levantam a bandeira de "uma educação melhor e de qualidade" mas pouquíssimos entendem a essência de uma verdadeira educação. Muitos batalham, dão o melhor de si, se esforçam à cada dia...
Até acontecer algo que o tire do seu foco, certas vezes fazendo-o desacreditar até de sua própria capacidade.
Perder a sanidade? isso virou hábito. E quem vive tranquilo e sossegado com um milhão de pressões em suas costas?
Pobre daquele que tentar se destacar. "não vale à pena, ou eles não tem ambição, perspectiva de futuro"... Quantas vezes nós repetimos isso quando nos deparamos com a realidade de uma sala de aula com menos de 50% de aproveitamento... (50% foi gentileza da minha parte).
Tentar se superar, tentar movimentar o curso das coisas? Quem seria louco o bastante para isso? é mais saudável deixar como estar...
Obviamente. "Deixa como está. Não enlouqueça."- Não é isso que te dizem?
Negligenciamos ajuda à várias pessoas diariamente, e no final do dia, conseguimos deitar e dormir tranquilamente, e enquanto isso, uma, duas, três ou mais cabeças estão num incrível e conflitante mundo-novo, assustador e desconhecido... Onde muitos desistem de si, como no caso do filme, onde a garota, dona de um talento peculiar, é negligenciada, é só mais um invisível, que acaba desistindo de si. Tão invisível quanto eu, você e todos os outros.
Será mesmo, que nós... na condição de seres humanos, educadores, formadores de consciência, estamos ficando estagnados a tal ponto? de perder vidas, de perder expectativas, de deixar passar coisas brilhantes despercebidas?
Nesse exato momento, lembre-se daquela pessoa que você julgou não ter mais jeito, não ter expectativa de futuro ou de vida. Lembre-se dela. Será que ela precisa de você? e você na sua condição, pode ajudá-la?
Criar vínculos as vezes parece muito assustador, mas você já tentou resgatar pessoas, já experimentou a recompensa no final?
Não perca esse seu desejo de ser um diferencial, não deixe que a realidade mate essa sua inspiração. Seja.
E, embora isso seja utopia, continue tentando. Foi tentando que um dia alguém conseguiu nos trazer até aqui.

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