2 de set. de 2019

Coisa de sonho

Sobre sonhos e outras coisas.
Qual é o seu sonho? 
Essa é a pergunta mais clichê feita as pessoas quando estão adentrando em algo novo. Um curso, uma palestra, uma formação... 
Pessoas que fazem essa pergunta com o fito de promover uma reflexão acerca daquilo que se quer para a vida. Nem sempre é possível responder instantaneamente a essa pergunta. Um sonho não é um miojo. Requer mais tempo pra pensar "eu sonho com isso mesmo?"
Vou falar dos meus... 
Ao contrário do que todo mundo sonha, tenho sonhos simples. Talvez pela ausência dessas coisas durante toda a minha vida, eu queira tanto isso. 
A sociedade moderna tem sonhos em comum: fama, riqueza, carreiras incríveis, títulos... 
Não que isso seja ruim, mas acho que sou um corpo novo numa alma antiga. Não consigo colocar essas condições em primeiro lugar. 
O meu sonho é simples. Sonho com uma casinha branca de varanda, igual àquela da música. Um quintal, algumas janelas, cortinas brancas para abrir ao nascer do sol. Uma mesa mais ou menos arrumada, o cheiro de café novo tomando de conta da cozinha, uma família apressada para começar o dia, duas crianças sujando a roupa da escola durante o café, meus gritos histéricos com o descuido delas, o volume do jornal vindo da tevê que fica na sala... 
eu também sonho com as noites frias... com o sono leve de madrugada, aquela levantada periódica para cobrir as crianças que, assim como eu, herdaram um sono inquieto e uma mania de tirar o cobertor de si.
Sonho com o cheiro da sopa de feijão no jantar, com o meu avental de cozinha meio rasgado nos cantos, os pratos sujos compondo a bagunça que se espalha na pia da cozinha. 
Sonho com os domingos e aquela lasanha preparada no almoço para receber um casal de amigos. O chiar da garrafa de Coca-cola, o tilintar dos cubos de gelo caindo no copo. 
Com os passeios no final da tarde de domingo e também com aquela sensação de paz trazida por uma semana de trabalho concluída. 
Eu quero tudo. Quero os aperreios da vida. Acordar de manhã preocupada com a conta de energia que vencerá antes do dia do salário. Saber como é estar sem gás de madrugada e ter de jantar pão com margarina por não ter opção naquele dia. 
Sonho com uma caixinha de moedas guardadas para pagar aquela viagem nas férias que as vezes nem dá certo porquê uma das crianças adoeceu ou ficou de recuperação na escola. 
No meu sonho tem espaço pra tudo. Cabem dois gatos gordos e preguiçosos, mudas de plantas espalhadas no quintal, cabe uma piscina de plástico na varanda nos dias de feriado. Cabe um vinho e uma massagem nos pés numa sexta-feira à noite. Cabe uma cama dividida com o calor da pessoa que eu amo. Cabe também o som das chuvas do mês de junho açoitando a janela do quarto, aqueles relâmpagos rasgando o céu e as quedas de energia, fazendo da casa um lugar tomado por velas em todos os cômodos. 
O meu sonho é simples, mas como todo sonho, parece difícil de alcançar. 
Sonhar com amor pleno e uma família unida tem se tornado banal para tantos. A vida tem se passado cada vez mais depressa e cada vez mais sem sentido. 
Sonhar virou bestagem de gente miúda. Gente grande gosta mesmo é de viver hoje. Mas eu, como miúda que sou, continuo essa incansável busca pelo meu sonho que, por incrível que pareça, está cada vez mais distante. Talvez, essas imagens fiquem somente em meus sonhos.


Assinado. Gente miúda com medo de crescer.

27 de jan. de 2018

Precisamos falar sobre ansiedade

Olá amiguinhos!
O post de hoje vai para aqueles que generalizam ansiedade e acham que isso é besteira/frescura.
Ansiedade não é só quando se está ansioso para que chegue o dia de algo que já foi marcado, ou com algo que está para acontecer. Distúrbio de ansiedade vai além disso, é involuntário. Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida.
Portanto, se você conhece alguém que SOFRE DE ANSIEDADE, tenha paciência com essa pessoa. Destaco abaixo os sintomas mais típicos que uma pessoa que sofre de ansiedade pode apresentar (quem tiver interesse, basta fazer uma busca na internet e vai achar muito sobre):
Preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não consegue relaxar);
Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;
Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;
Medo extremo de algum objeto ou situação em particular;
Medo exagerado de ser humilhado publicamente;
Falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade;
Pavor depois de uma situação muito difícil;
Dificuldade para tomar decisões ou entender situações, onde fica completamente perdido, em relacionamentos, por exemplo.
Não banalizem a ansiedade, ela pode desencadear outros problemas psicológicos. Se você tem um familiar, amigo, namorado(a) e percebe que ele sofre disso, evite julgamentos, ofereça apoio e se mostre compreensivo, sugira que procure um psicólogo e o mais importante: não banalize ansiedade.
Até a próxima, amiguinhos!

9 de jul. de 2017

Ajudar por empatia



Começo esse texto com um grifo do autor que me inspirou para escrevê-lo:
“Em grego, idios quer dizer “o mesmo”.
Idiotices, de onde veio o nosso termo “idiota”,
É o sujeito que nada enxerga além dele mesmo,
Que julga tudo pela sua própria pequenez.”
Olavo de Carvalho

Muitos de nós, algum dia se deparou com algum idiota. E só de ler essa citação acima, lembrou de rostos e nomes, das pessoas que classifica como idiota. Tenha cuidado, você também pode estar sendo um idiota por classificar pessoas em níveis de idiotice.
Sem mais delongas, vamos tratar de discutir a idiotice pautada por esse texto, que corrobora com a opinião do autor citado no início do texto, sobre a pobreza na lógica de alguns revolucionários.

Analise o exemplo:
Um necessitado pedinte, te aborda e pede uns trocados. Você, procura algo nos bolsos e lhe dá alguma quantia em dinheiro, em seguida, percebe que o pedinte ruma até o bar mais próximo, e pede uma dose de bebida, pagando-a com as moedas que você o deu.

Qual a sua reação, diante desse fato?

Você ficaria decepcionado, e de imediato, esboçaria a expressão de abismado e descontente.
Por que?
Por que você não quis somente ajudar alguém, mas, educar-lhes para a cidadania. E é um pensamento errôneo, impregnado em nossas cabeças, um discurso velado de: não dê dinheiro, dê cidadania.
A sua vil tentativa de educar um pobre, além de não ser digna, tira a dignidade do mesmo, visto que uma vez que ele embolsa o dinheiro que ganhou, a ele pertence, e cabe a ele decidir onde e como gastar. Não é a lógica da coisa?
Em contrapartida, de forma contextualizada, se insira nesse cenário:
Você trabalha em uma empresa, e ao receber o seu salário do mês, o seu patrão, dita como você deve gastar o seu salário. No mínimo, você se sentiria humilhado.
É exatamente isso que acontece com alguém que você estende a mão ditando regras.
Como indaga Olavo de Carvalho:
“Vocês querem educar o pobre “para a cidadania” e começam por lhe negar o direito de gastar o próprio dinheiro como bem entenda? Querem educá-lo sem primeiro respeitá-lo como um cidadão livre que, atormentado pela miséria, tem o direito de encher a cara tanto quanto o faria um banqueiro falido? Querem educa-lo impingindo-lhe a mentira humilhante de que sua pobreza é uma espécie de menoridade, de inferioridade biológica que o incapacita para administrar os três ou quatro reais que lhe deram de esmola?” (CARVALHO, 2016. p.80)

As pessoas carecem de uma percepção da realidade. Uma reflexão sobre o que é a pobreza, que acaba sendo mais social do que econômica. Partindo da ideia de que o pobre pedinte não pode gastar o dinheiro que lhes deram, da forma que lhes convém, percebemos o quão incoerente e mesquinho, são os que têm esse pensamento e comportamento.

Essa visão distorcida sobre a pobreza, esse sentimento de poder, de comandar a ação do outro, por meramente, ter lhe cedido uma ajuda mínima.
Vejo pessoas se vangloriarem com imagens publicadas em redes sociais, publicando momentos onde “ajudou” um pedinte.
É comum que você veja no feed de notícias do facebook, imagens publicadas por pessoas que ajudaram alguém, e fizeram questão de registrar o momento, para passar a impressão de: “eu sou bonzinho e generoso”.
O que denuncia um pouco da sua necessidade de chamar atenção para si e conseguir algumas curtidas e comentários vindos de terceiros. E digo mais, quem ajuda alguém por empatia, não necessita de holofotes e publicações com texto de solidariedade e frases de efeito que destaquem o seu feito.
É o que eu chamo de marketing pessoal, auto promoção, ou, inferioridade inconsciente.
Sentir-se inferior, e logo, ter a necessidade de estar com pessoas vistas como inferiores pelo seu status social. Se auto promover em publicações desta natureza, só mostra o quão idiota é a conduta desse que a fez.

Para complementar, embasada pelo artigo de Olavo de Carvalho, faço uma sutil colocação:
Quer ajudar mesmo? Ajude longe das câmeras. Ajude sem necessidade de elogios. Ajude por empatia, por sentir-se no dever de ajudar, por estar em condições mais favoráveis e prover para o outro que não está em condições favoráveis.
Não ajude somente com dinheiro. Seja educado, trate bem, seja amoroso e educado, desde o doutor ao morador de rua.
Seja educado, dê-lhes um bom dia, sorria, estenda a mão, converse. Tire vinte minutos de cada dia para levar uma mensagem de prosperidade para qualquer pessoa que se direcione à você solicitando ajuda. Faça isso e verá esse sujeito erguer-se dessa condição miserável e endireitar a espinha.
Concordando com Olavo, a barreira que impede o acesso de pobres e mendicantes brasileiros a uma vida melhor é menos econômica que social.
No mais, o que falta, é a compreensão de que a pobreza não é um estigma, não é uma desonra, é uma consequência que pode acometer qualquer pessoa. E de que pobreza não é somente falta de dinheiro.
Das causas da pobreza, a principal não está nos pobres, mas, na pobreza de educação dos outros.

Laila Mensá
Graduanda em Pedagogia pela Universidade Estadual da Bahia.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARVALHO, Olavo de, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.  21ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.

16 de mar. de 2017

quer conhecer alguém de verdade?

Quer conhecer alguém de verdade? 

Você quer conhecer todas as faces de uma pessoa? Evite ter uma relação 100% harmoniosa com ela. Discorde, provoque conflitos, gere discussões.
É isso mesmo, mas... calma! Não precisa fazer uma tempestade em copo d’água todos os dias, nem precisa discutir por qualquer motivo banal. Busque assuntos divergentes entre vocês e discutam sobre isso... Lembrando que discutir não é igual a brigar. Discutir, debater, contestar... Fazer provocações sobre algum tema, problematizar. Gerar desconforto no outro, geralmente é uma das melhores maneiras de fazer com que ele tire a máscara de bonzinho e compreensivo com tudo e em todas as ocasiões.
Dizem por aí, que nós só começamos a conhecer verdadeiramente alguém, depois de anos de convívio... por que será?
Isso é por quê as pessoas temem a reação do outro ao revelar todas as suas faces. Imagina só, conhecer alguém que tem milhões de defeitos aparentemente visíveis? Ninguém seria, nem de longe, atraente. A beleza não influenciaria em muita coisa. Seriamos um cartão postal com uma imagem bonita e uma mensagem com pouco significado.
Ouso dizer que as pessoas vendem uma imagem cada vez mais estética de si, enfeitam situações simples com uma falácia robusta de emoção e fantasia.
Quem é que teria coragem de se aproximar de alguém sabendo dos defeitos que a pessoa tem?
Um questionamento que melhor explica:
Você se relacionaria com uma pessoa esquizofrênica? Sabendo das dificuldades que teria de enfrentar junto com a outra pessoa?
Falo de modo generalista. Não é que esteja discriminando alguém por sua patologia, mas nós sabemos bem como é difícil lidar e conviver com alguém que tenha um problema seja de saúde ou até mesmo de conduta.
Você se relacionaria com alguém que foi infiel em todos os relacionamentos anteriores?
Pois bem... Uma pessoa de conduta duvidosa, de pouco caráter, por mais que seja bonita em suas características físicas, se torna desinteressante. Tornando-se somente mais um bonitinho.
Como descobrir o caráter de alguém? Como conhecer todas as faces de uma pessoa?
Discordando dela. Duvidando, questionando, batendo de frente, discutindo... Fazendo coisas que a contrariem.
Não digo que você deve descer o nível, escandalizar ou provocar situações exageradamente desagradáveis. Seja somente desagradável.
Incompreensível, confuso e cético.
Deixe que a pessoa se sinta em uma zona de conforto.
Quer conhecer mesmo alguém? Seja você para o outro.
Temos essa terrível mania de usar maquiagem nos inicios das relações, isso impossibilita que o outro também nos conheça como somos. Seja você.
Quem sabe esse outro que eu esteja falando, não seja você mesmo, e que uma outra pessoa esteja tentando te conhecer em todas as suas faces, bem como você tenta conhecer o outro?
Na cabeça do outro, nós também somos o outro.
Deu para entender?

Endereço esse texto para todos nós e todos os outros que leram até aqui.

15 de mar. de 2017

des ilusão

Esse texto aqui não é para você que quer se livrar de uma decepção amorosa. Se essa for a sua intenção, não leia até o final, certo?
Vamos ao que interessa... Se você está lendo isso, suponho que esteja passando pela mesma situação que eu: uma desilusão amorosa. Como o nome já diz des-ilusão. Exatamente, você estava iludida com uma imagem que idealizou de alguém, a ilusão em si, não dói. O que fere é perceber que nós criamos um mundo inteiro de fantasia e colocamos todas as características que idealizamos em alguém que não sabia ou não percebia que nós esperávamos mais dela. Um exemplo bem básico para melhor explicar:
Você conhece uma pessoa linda,  que consegue reunir beleza, romantismo, simpatia, inteligência e elegância em uma só pessoa. Isso é fascinante aos olhos de quem vê, não é? A partir daí, você começa a atribuir algumas qualidades a ela, só pela impressão que você teve dela. Você começa a idealizar uma relacionamento perfeito e a criar todos aqueles roteiros na sua cabeça. Perceba o quão influenciada você fica só com essa sua primeira impressão... Você começa a falar sobre esse cara para suas amigas, sempre destacando as qualidades dele. Ai eu questiono: por que não destacamos os defeitos do outro no começo da relação? Fácil! A pessoa não transparece os defeitos logo de cara. Não se ela estiver mesmo interessada em você. Já deu pra entender o que acontece, né? A gente começa a “dar a César o que não pertence a César” por simplesmente acreditar que “César merece tudo isso por ter sido legal, romântico e etc”.
Agora retomando o fio da meada: Você está na fase da desilusão amorosa, tentando esquecer e começa a retirar todas as qualidades que você atribuiu ao cara. Definitivamente, percebeu que de fato, tem que “dar a César o que é de César, mas só o que de fato é de César” e todas aquelas qualidades atribuídas começam a dar lugar aos inúmeros defeitos que o cara foi demonstrando no decorrer, e nessa hora, os defeitos tem muito peso e é por isso que a gente sofre.
Portanto, o melhor conselho que eu posso dar hoje é: Não idealize pessoas, não atribua qualidades antes de saber se a pessoa de fato, possui elas em suas características.
Mas aí você percebeu que o texto começou a escapolir um pouco do seu foco principal que é falar sobre desilusões. Primeiro eu quis dar um conselho, depois vamos para a parte chata, que é onde dói.
Eu tenho uma estratégia que uso como lema: Tente de tudo para então, desistir.
Sério, esses joguinhos que nós praticamos para tentar esquecer de alguém são uma furada (apesar de serem o mais aconselhado, quando se leva pro lado do amor próprio), mas o que eu quero dizer aqui é que, enquanto você não testar todas as possibilidades saudáveis para reaver a pessoa que você ama, você não conseguirá entregar os pontos e desistir.
Já ligou? Já mandou textão? Já sumiu por um ou dois meses e depois reapareceu? Já apareceu de surpresa na casa da pessoa? Já telefonou? Já enviou uma carta pelo correio? Já se abriu e falou dos seus sentimentos? Já conversaram e colocaram todos os pingos nos is? Se a resposta para todas as alternativas for “sim”, te sugiro entregar os pontos e repetir essa frase para si mesmo: “Eu tentei de tudo, eu me esforcei, eu fiz o melhor que eu pude... não era para ser, eu desisto, eu entrego os pontos. Eu vou esquecer, vai doer, mas eu preciso enfrentar.”
Se a resposta for “não”, persista. Mas eu aconselho a ter cautela. Não vale se arriscar demais, não vale se expor, não vale escandalizar. Seja sutil, fale, a pessoa nunca vai se convencer de algo que não parece convincente. Não seja radical, tampouco inclinado a atitudes idiotas, só não seja superficial. Vá fundo como quem dá um mergulho e sobe a superfície para pegar mais fôlego, como um nadador em uma prova de 10 metros. Tente. E se depois de tentar todas as alternativas, o resultado não for o esperado, você precisará desistir.
Desistir.       É       isso mesmo. Eu sei que tudo que se almeja conquistar depende de muita persistência, porém não devemos agir como gatos tentando voar ao pular do telhado. É tudo dentro de nossas condições. Não tente dar um passo maior do que a sua perna.
Se você tentou de tudo, significa que aquilo, definitivamente, não era para você. Eu não sei se você acredita em destino, mas tente fazer uma fezinha... nem tudo é por mero acaso. E você só consegue perceber que não são meros acasos depois de muito tempo, quando algo novo surge no lugar do que se foi e deixou sombras. Aquele momento reflexivo que você tem, quando imagina: poxa, se eu tivesse com aquela pessoa atualmente, eu não teria vivido esse bocado de experiência ou estaria com quem estou agora. É por isso que eu não sou devota da concepção dos acasos.
Ainda é preferível confiar no destino e nas possibilidades.
Desistir é necessário, desistir também é nobre. Desistir é o ato de admitir que você, enquanto humano, é um sujeito com limites, e conhecer que alguns limites não podem ser ultrapassados. Desistir é dar a oportunidade ao novo, pois sempre que desistimos de algo, logo em seguida encabeçamos em outra coisa nova, é sempre assim... como ciclos.
Se dê uma nova chance depois de fracassar na luta.
Algumas pessoas são nobres por simplesmente reconhecerem que foram derrotadas e entregaram os pontos.
Lembrando que nobreza não é sinônimo de vitória.

Endereço esse texto a todos os que já estão cansados dessa luta e que precisam entregar os pontos e seguir em frente. Se permita. Você merece, não é mesmo? É uma escolha sua.

11 de mar. de 2017

Nem tudo que sentimos é verdadeiro

Toda vez que ousamos dizer o que sentimos nós aceitamos o risco de que o sagrado do sentimento seja banalizado. 
Vez em quando convém o silêncio, a convivência solitária que nos ajuda a desvendar o enigma que nos habita. 
Nem tudo o que sentimos é verdadeiro. O ódio, por exemplo, pode ser um amor disfarçado. O sentimento que nos parece tão convincente pode ser um impulso provocado pelas forças do instante. Somos vulneráveis às invasões de olhares, palavras, situações. E tudo isso passeia pelas nossas veias, viaja em nós. 
E por isso necessitamos da introspecção silenciosa. Só ela é capaz de desconstruir os equívocos que alimentamos, e expulsar o que não nos pertence.
Não tenha pressa em publicar suas alegrias ou tristezas. Conviva com elas antes de colocá-las nas janelas da vida. Nem tudo a palavra sabe dizer. E ainda que saiba, nem tudo precisa ser dito.

- Pe. Fábio de Melo.

25 de jun. de 2016

Substituto (Detachment) - o filme

“E eu nunca me senti tão imerso em uma pessoa ao mesmo tempo em que estou tão desapegado de mim mesmo e tão presente no mundo”
(Albert Camus)
 
"Um homem sem rosto, numa sala vazia"
 
A crise do ensino não é vista como um problema isolado da sociedade, mas como um resultado de uma questão muito mais tormentosa: a crise das relações humanas.
Não adianta ser um bom professor, ter talento para criar conexões com seus alunos, se todo o sistema não te favorece para que você consiga fazer nem metade daquilo que você é capaz.
Não adianta de nada, tentar se esconder ao ar livre. Empurrar com a barriga, acreditar que tudo está como deveria estar.
Assistindo esse filme, pude firmar algo que eu já acreditava: estamos todos desacreditados quando se trata de educação.
Os pais, os alunos, os professores, a sociedade... todos levantam a bandeira de "uma educação melhor e de qualidade" mas pouquíssimos entendem a essência de uma verdadeira educação. Muitos batalham, dão o melhor de si, se esforçam à cada dia...
Até acontecer algo que o tire do seu foco, certas vezes fazendo-o desacreditar até de sua própria capacidade.
Perder a sanidade? isso virou hábito. E quem vive tranquilo e sossegado com um milhão de pressões em suas costas?
Pobre daquele que tentar se destacar. "não vale à pena, ou eles não tem ambição, perspectiva de futuro"... Quantas vezes nós repetimos isso quando nos deparamos com a realidade de uma sala de aula com menos de 50% de aproveitamento... (50% foi gentileza da minha parte).
Tentar se superar, tentar movimentar o curso das coisas? Quem seria louco o bastante para isso? é mais saudável deixar como estar...
Obviamente. "Deixa como está. Não enlouqueça."- Não é isso que te dizem?
Negligenciamos ajuda à várias pessoas diariamente, e no final do dia, conseguimos deitar e dormir tranquilamente, e enquanto isso, uma, duas, três ou mais cabeças estão num incrível e conflitante mundo-novo, assustador e desconhecido... Onde muitos desistem de si, como no caso do filme, onde a garota, dona de um talento peculiar, é negligenciada, é só mais um invisível, que acaba desistindo de si. Tão invisível quanto eu, você e todos os outros.
Será mesmo, que nós... na condição de seres humanos, educadores, formadores de consciência, estamos ficando estagnados a tal ponto? de perder vidas, de perder expectativas, de deixar passar coisas brilhantes despercebidas?
Nesse exato momento, lembre-se daquela pessoa que você julgou não ter mais jeito, não ter expectativa de futuro ou de vida. Lembre-se dela. Será que ela precisa de você? e você na sua condição, pode ajudá-la?
Criar vínculos as vezes parece muito assustador, mas você já tentou resgatar pessoas, já experimentou a recompensa no final?
Não perca esse seu desejo de ser um diferencial, não deixe que a realidade mate essa sua inspiração. Seja.
E, embora isso seja utopia, continue tentando. Foi tentando que um dia alguém conseguiu nos trazer até aqui.

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