Começo esse texto com um
grifo do autor que me inspirou para escrevê-lo:
“Em
grego, idios quer dizer “o mesmo”.
Idiotices,
de onde veio o nosso termo “idiota”,
É
o sujeito que nada enxerga além dele mesmo,
Que
julga tudo pela sua própria pequenez.”
Olavo de Carvalho
Muitos de nós, algum
dia se deparou com algum idiota. E só de ler essa citação acima, lembrou de
rostos e nomes, das pessoas que classifica como idiota. Tenha cuidado, você
também pode estar sendo um idiota por classificar pessoas em níveis de
idiotice.
Sem mais delongas,
vamos tratar de discutir a idiotice pautada por esse texto, que corrobora com a
opinião do autor citado no início do texto, sobre a pobreza na lógica de alguns
revolucionários.
Analise o exemplo:
Um necessitado
pedinte, te aborda e pede uns trocados. Você, procura algo nos bolsos e lhe dá
alguma quantia em dinheiro, em seguida, percebe que o pedinte ruma até o bar
mais próximo, e pede uma dose de bebida, pagando-a com as moedas que você o
deu.
Qual a sua reação,
diante desse fato?
Você ficaria
decepcionado, e de imediato, esboçaria a expressão de abismado e descontente.
Por que?
Por que você não quis
somente ajudar alguém, mas, educar-lhes para a cidadania. E é um pensamento
errôneo, impregnado em nossas cabeças, um discurso velado de: não dê dinheiro,
dê cidadania.
A sua vil tentativa
de educar um pobre, além de não ser digna, tira a dignidade do mesmo, visto que
uma vez que ele embolsa o dinheiro que ganhou, a ele pertence, e cabe a ele
decidir onde e como gastar. Não é a lógica da coisa?
Em contrapartida, de
forma contextualizada, se insira nesse cenário:
Você trabalha em uma
empresa, e ao receber o seu salário do mês, o seu patrão, dita como você deve
gastar o seu salário. No mínimo, você se sentiria humilhado.
É exatamente isso que
acontece com alguém que você estende a mão ditando regras.
Como indaga Olavo de
Carvalho:
“Vocês querem educar o pobre “para a cidadania” e começam
por lhe negar o direito de gastar o próprio dinheiro como bem entenda? Querem educá-lo
sem primeiro respeitá-lo como um cidadão livre que, atormentado pela miséria,
tem o direito de encher a cara tanto quanto o faria um banqueiro falido? Querem
educa-lo impingindo-lhe a mentira humilhante de que sua pobreza é uma espécie
de menoridade, de inferioridade biológica que o incapacita para administrar os
três ou quatro reais que lhe deram de esmola?” (CARVALHO, 2016. p.80)
As pessoas carecem de
uma percepção da realidade. Uma reflexão sobre o que é a pobreza, que acaba
sendo mais social do que econômica. Partindo da ideia de que o pobre pedinte
não pode gastar o dinheiro que lhes deram, da forma que lhes convém, percebemos
o quão incoerente e mesquinho, são os que têm esse pensamento e comportamento.
Essa visão distorcida
sobre a pobreza, esse sentimento de poder, de comandar a ação do outro, por
meramente, ter lhe cedido uma ajuda mínima.
Vejo pessoas se
vangloriarem com imagens publicadas em redes sociais, publicando momentos onde “ajudou”
um pedinte.
É comum que você veja
no feed de notícias do facebook, imagens publicadas por pessoas que ajudaram
alguém, e fizeram questão de registrar o momento, para passar a impressão de: “eu
sou bonzinho e generoso”.
O que denuncia um
pouco da sua necessidade de chamar atenção para si e conseguir algumas curtidas
e comentários vindos de terceiros. E digo mais, quem ajuda alguém por empatia,
não necessita de holofotes e publicações com texto de solidariedade e frases de
efeito que destaquem o seu feito.
É o que eu chamo de
marketing pessoal, auto promoção, ou, inferioridade inconsciente.
Sentir-se inferior, e
logo, ter a necessidade de estar com pessoas vistas como inferiores pelo seu
status social. Se auto promover em publicações desta natureza, só mostra o quão
idiota é a conduta desse que a fez.
Para complementar,
embasada pelo artigo de Olavo de Carvalho, faço uma sutil colocação:
Quer ajudar mesmo?
Ajude longe das câmeras. Ajude sem necessidade de elogios. Ajude por empatia,
por sentir-se no dever de ajudar, por estar em condições mais favoráveis e
prover para o outro que não está em condições favoráveis.
Não ajude somente com
dinheiro. Seja educado, trate bem, seja amoroso e educado, desde o doutor ao
morador de rua.
Seja educado, dê-lhes
um bom dia, sorria, estenda a mão, converse. Tire vinte minutos de cada dia
para levar uma mensagem de prosperidade para qualquer pessoa que se direcione à
você solicitando ajuda. Faça isso e verá esse sujeito erguer-se dessa condição
miserável e endireitar a espinha.
Concordando com
Olavo, a barreira que impede o acesso de pobres e mendicantes brasileiros a uma
vida melhor é menos econômica que social.
No mais, o que falta,
é a compreensão de que a pobreza não é um estigma, não é uma desonra, é uma
consequência que pode acometer qualquer pessoa. E de que pobreza não é somente
falta de dinheiro.
Das causas da
pobreza, a principal não está nos pobres, mas, na pobreza de educação dos
outros.
Laila Mensá
Graduanda em
Pedagogia pela Universidade Estadual da Bahia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARVALHO, Olavo de, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. 21ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.
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